PESSOAS CONDENADAS NÃO AVANÇAM

Lembra dos filmes e desenhos que retratavam prisioneiros acorrentados pelos tornozelos com bolas de ferro? Um episódio que foi emblemático para mim foi do Chapolin Colorado, o herói atrapalhado vivido por Roberto Gómez Bolaños. Nesse hilário episódio o herói mexicano e outros personagens eram condenados a prisão e acorrentados a uma pesada bola de ferro para evitar a sua fuga.

Realmente é um episódio engraçado, e nos leva a bons momentos da infância, mas você já pensou em quão triste é ter a sua liberdade retirada? Não que criminosos não devam ser punidos pela justiça humana, inclusive penso que as leis deveriam ser muito mais rígidas, mas o que quero trazer a consciência é o que alguém condenado e preso sente. O direito de ir e vir, de se movimentar, garantido pela nossa constituição é suprimido quando alguém é punido por um delito cometido, e isso é totalmente justo, mas como é ser um prisioneiro?

A condenação retira a liberdade. Alguém condenado jamais poderá ir e vir, decidir, criar o seu destino. Enquanto o condenado está em poder de seu aprisionador, ele cede os seus direitos a ele. Quem decide tudo na vida do condenado é quem tem a sua posse. O peso da bola de ferro atada ao tornozelo permite apenas curtos movimentos, em uma distância limitada. Alguém com esse peso jamais poderá correr, pular, escalar, ou seja, jamais poderá avançar na vida além da sua cela. Ficará apenas naquele restrito espaço predefinido.

Olhando assim não percebemos que todos nós em um momento ou outro da vida somos exatamente assim. Nós trazemos uma condenação natural inerente do pecado que existe dentro de nós. Não bastasse isso ainda recebemos a condenação por todas as nossas atitudes erradas que tomamos. Empilhamos erros e fracassos em nossa vida, e, para cada um deles a sua condenação. Assim cada vez mais restringimos o nosso avanço. Eu falo isso por experiência própria.

Eu vivi muito tempo da minha vida condenado pelos meus erros, acorrentado a uma pesada esfera no tornozelo e nunca conseguia ir além dos limites que estavam preestabelecidos pelo meu condenador. Eu fiz escolhas erradas, que me afastaram do meu propósito de vida e gradualmente fui me desviando por caminhos duvidosos. Muitos dos meus erros ocorreram conscientemente, e alguns sem perceber o que fazia em momentos de fraqueza ou revolta, mas independente disso eu recebi condenação por todos esses erros. Eu me afastei da minha essência tal qual o filho pródigo. Esses pecados me afastaram de Deus de uma forma que eu não conseguia de maneira alguma aceitar que Ele poderia mudar a minha realidade

E com tanta merda que tinha feito na vida eu percebi que as penas pelos meus erros iam se acumulando e eu simplesmente não avançava em nada na minha vida. Eu não me achava digno de conquistar nada. Achava que a prosperidade era para quem era bonzinho e que eu não tinha como alcançar coisas boas. A condenação me impedia de ir além daquele cubículo da minha prisão. Não conseguia correr, pois o peso era grande, não conseguia a liberdade. Meu mundinho era aquilo e só. E pior que eu percebi que era como um círculo vicioso. Eu estava condenado mesmo. Não conseguia sair dali, então eu fazia sempre as mesmas coisas que me condenavam cada vez mais. Ou seja. a minha prisão era perpétua pois as condenações cada dia aumentavam.

Mas quem me condenava? Eu mesmo. Nosso cérebro tenta nos poupar de tudo que já nos trouxe algum sofrimento. Como uma autodefesa ele nos lembra constantemente das atitudes erradas que tomamos e nos acusa delas. Nosso cérebro é especialista em poupar energia, e se ele restringir os seus movimentos estará evitando conflitos e desperdício de energia. Mas lembre-se que o seu cérebro faz parte do seu corpo. E o seu corpo deve ser seu servo e não seu senhor.

Isso foi assim até que eu entendi que precisava quebrar esse ciclo de alguma forma ou a minha vida seria esse eterno sofrimento. Mas como? Simples. Jesus. Em Romanos no capítulo 8 está escrito que :

Nenhuma condenação existe para aqueles que estão em Cristo

Não diz que não existem algumas condenações para quem está em Cristo. Ou que não existem condenação dos erros cometidos antes de conhecermos a Cristo. Está escrito que não existe nenhuma condenação. Nenhuma é nenhuma. É nada.

Eu tive que em algum momento tomar meu cérebro de refém. Eu briguei comigo mesmo, por mais estranho que isso pareça. Eu disse pra ele: Olha aqui seu bosta! Tu não manda em mim! Tu só obedece! Essa briga de mim comigo mesmo, pode até parecer esquizofrenia, mas foi necessária para dar um basta no ciclo. Eu resolvi não levar em conta aquela voz interior que dizia: Não. Tu não é digno. Deixa quieto. Não gasta energia com isso. Fica ai que ao menos tu já sabe como é… Foi fácil? nem um pouco. Foram muitas brigas. Algumas eu ganhava, outras meu cérebro, mas eu não me submeti mais as armadilhas desse ser mimizento que era meu cérebro. Eu ensinei meu cérebro a pensar da maneira que minha alma queria.

Como o filho pródigo pegou tudo que herdou do pai e gastou em erros, assim somos nós quando nos desviamos do nosso propósito. Mas lembre-se que o filho, no momento de maior sofrimento lembrou do seu pai e resolveu voltar. Assim somos nós. Quando estamos com a vida lascada e lembramos do pai podemos nos sentir condenados por nossos erros e ficar sofrendo, ou levantar e enfrentar o longo caminho de volta. O caminho de volta pode ser longo, dolorido, cansativo, mas ainda assim é livre. São os primeiros passos da liberdade. E ao chegar em casa, o pai estará de braços abertos para receber-nos, sem condenação, apenas restauração. O anel, a sandália, a roupa nova, o banho, a festa. Tudo é restaurado.

Não fique prostrado na sua condenação. Jesus já quebrou as suas correntes. Nada te impede de avançar agora. Saia dessa prisão e inicie o seu processo de volta. Na casa do Pai você prospera, avança, ajuda a cuidar dos negócios, tem festa. Mas tome a decisão de levantar e ir.

Jesus já fez tudo. Ele mesmo afirmou que:

Está Consumado

Já está tudo feito. Ele afirma que se permanecermos nele, ele nos limpará (João15.1-2). Ele nos limpa dos nossos erros, e das nossas condenações.

Avance pois está consumado, nenhuma condenação há para quem está em Cristo, e Ele mesmo te limpa.

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