INTERRUPÇÃO MECÂNICA DE COMPULSÕES

Quando estamos em um ciclo de hábitos parece ser difícil interromper, mesmo quando identificamos que esse hábito é prejudicial.

Isso ocorre porque nosso cérebro cria trilhas neuronais, ou seja, caminhos automáticos ou padrões para efetuada atividade ou situação. Esses hábitos geralmente são promovidos por algum gatilho emocional como ansiedade, depressão, medo, tédio ou diversos outros. O hábito é como um aliviador de tensão para aquele sentimento nocivo. Para romper com hábitos nocivos é necessário gerar um novo significado para o sentimento que o gera.

No entanto essa ressignificação não é uma tarefa fácil de se executar, pois hábitos nocivos são como vícios incontroláveis e nos sentimos desconfortáveis se não alimentarmos aquela compulsão: quando menos percebemos estamos fazendo aquilo que nos desagrada e reprovamos.

Para isso uma técnica muito assertiva no primeiro momento de mudança de hábitos é a interrupção mecânica do hábito.

Mas o que é uma interrupção mecânica? A ideia central é muito simples: basta interromper o hábito. Sim, apenas parar de fazer. cortar a conexão com essa prática desagradável. Quando falamos isso parece algo óbvio, mas impossível, afinal você tem esse hábito justamente por um sentimento que é em algum nível incontrolável. Realmente é um tanto difícil, mas totalmente possível.

Mas como é possível se é uma compulsão? Já parou para pensar que você, em algum momento, não tinha esse hábito? Talvez você até tinha outro hábito que respondia aquele estímulo negativo, mas não era o mesmo hábito: existem relatos de pessoas que durante um estado emocional negativo tiveram compulsões alimentares, e posteriormente observaram um consumo excessivo de redes sociais. Isso prova que o hábito nocivo é uma fuga.

Se ocorrer a interrupção forçada por um período significativo, o cérebro tentará arranjar outra trilha neuronal. Aí entra a ressignificação. Direcionar a compulsão para algo benéfico e produtivo é uma técnica excelente. É a mesma lógica que se usam nas terapias. Promove-se a substituição de um hábito por outro.

Um conceito muito difundido é que se uma atitude for adotada por 21 dias, ela se tornará um hábito. Não é um número preciso e infalível, mas ele é utilizado por representar 3 ciclos de 21 dias. Como nossas semanas são de 7 dias, 21 dias representam 3 semanas, o que é um período significativo para nosso cérebro: o primeiro ciclo serve como um desintoxicador do hábito, pois ele faz nosso cérebro buscar outras alternativas nos momentos de compulsão. O segundo ciclo promove um leve esquecimento da compulsão. O terceiro ciclo representa a consolidação da ressignificação.

Advirto que não é uma fórmula mágica, e deve-se tem em mente que cada pessoa é diferente e podem ocorrer falhas, inclusive, as chances de nas primeiras tentativas ocorrerem fracassos é bem normal. No entanto não desista. Aprenda a se perdoar e reiniciar, sem aceitar a sua condição. Pode parecer contraditório, mas se você cair novamente, aceite essa queda. Levante-se, perdoe-se e reinicie. Mas em momento nenhum esqueça que você é mais que qualquer compulsão.

As compulsões atrapalham a nossa produtividade e nos frustram. Quando não estamos produzindo nos sentimos humilhados, inúteis e incapazes, o que não é verdade pois somos especiais e únicos. Deus nos fez com a intenção de compormos a sua família e sermos livres, não para andarmos em escravidão. Não aceite que qualquer vício ou compulsão afete a sua identidade, pois Deus nos amou tanto que enviou Cristo para nos libertar. E esse amor está disponível a qualquer momento, basta acessá-lo.

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